<$BlogRSDURL$>

quarta-feira, abril 28, 2004

por vezes esquecemos os versos que nos salvam 

O ÚLTIMO DIA DO VERÃO

Pois às vezes me falta a quem contar
certo dia passado do princípio ao fim
o encanto que tenha realmente
a insistência do vento ao longo da Foz
aquilo que eu daria (e eu daria tudo) por compaixão

Nascemos e vivemos só algum tempo
não temos nada
não podemos mesmo na penumbra
decidir a atenção ou o esquecimento
as forças soçobram como vagos motivos
em público
e em qualquer lugar

Por isso sei tão bem o valor
da natureza indiscutível dos teus olhos
onde a luz anota seus aspectos
teus olhos impacientes e irrealizáveis
que me acompanham
agora que sozinho danço
pela cidade vazia


José Tolentino Mendonça
|

Y 

domani, a não perder na serie Y, do público, o dvd!



Nanni Moretti, Caro Diario
|

the healing properties of a coke 

um brinde a quem me ensina que as cicatrizes curam-se com o riso!


|

terça-feira, abril 27, 2004

para respirar devagarinho 


|

domingo, abril 25, 2004

É preciso 

Depois das comemorações nostálgicas abram-se os olhos e as mãos p'rá frente. Para onde segue o caminho. Pelo sudoeste alentejano e a costa vincentina que estamos a perder, por exemplo.
Isto é para quem quiser exercer o seu direito cívico, tão apregoado nestes tempos, para assinar uma petição que corre por aí endereçada a quem tem o poder e a obrigação de saber ver e defender. Uma petição que se apercebe que o tempo urge, e com ele, a virgindade dessa costa.


|

sábado, abril 24, 2004

let's get lost 



the sweet sweet sound


|

quinta-feira, abril 22, 2004

I'ts Alright, Ma (I'm Only Bleeding) 

Darkness at the break of noon
Shadows even the silver spoon
The handmade blade, the child's balloon
Eclipses both the sun and moon
To understand you know too soon
There is no sense in trying.

Pointed threats, they bluff with scorn
Suicide remarks are torn
From the fools gold mouthpiece
The hollow horn plays wasted words
Proved to warn
That he not busy being born
Is busy dying.

Temptation's page flies out the door
You follow, find yourself at war
Watch waterfalls of pity roar
You feel to moan but unlike before
You discover
That you'd just be
One more person crying.

So don't fear if you hear
A foreign sound to you ear
It's alright, Ma, I'm only sighing.

As some warn victory, some downfall
Private reasons great or small
Can be seen in the eyes of those that call
To make all that should be killed to crawl
While others say don't hate nothing at all
Except hatred.

Disillusioned words like bullets bark
As human gods aim for their marks
Made everything from toy guns that sparks
To flesh-colored Christs that glow in the dark
It's easy to see without looking too far
That not much
Is really sacred.

While preachers preach of evil fates
Teachers teach that knowledge waits
Can lead to hundred-dollar plates
Goodness hides behind its gates
But even the President of the United States
Sometimes must have
To stand naked.

An' though the rules of the road have been lodged
It's only people's games that you got to dodge
And it's alright, Ma, I can make it.

Advertising signs that con you
Into thinking you're the one
That can do what's never been done
That can win what's never been won
Meantime life outside goes on
All around you.

You loose yourself, you reappear
You suddenly find you got nothing to fear
Alone you stand without nobody near
When a trembling distant voice, unclear
Startles your sleeping ears to hear
That somebody thinks
They really found you.

A question in your nerves is lit
Yet you know there is no answer fit to satisfy
Insure you not to quit
To keep it in your mind and not forget
That it is not he or she or them or it
That you belong to.

Although the masters make the rules
For the wise men and the fools
I got nothing, Ma, to live up to.

For them that must obey authority
That they do not respect in any degree
Who despite their jobs, their destinies
Speak jealously of them that are free
Cultivate their flowers to be
Nothing more than something
They invest in.

While some on principles baptized
To strict party platforms ties
Social clubs in drag disguise
Outsiders they can freely criticize
Tell nothing except who to idolize
And then say God Bless him.

While one who sings with his tongue on fire
Gargles in the rat race choir
Bent out of shape from society's pliers
Cares not to come up any higher
But rather get you down in the hole
That he's in.

But I mean no harm nor put fault
On anyone that lives in a vault
But it's alright, Ma, if I can't please him.

Old lady judges, watch people in pairs
Limited in sex, they dare
To push fake morals, insult and stare
While money doesn't talk, it swears
Obscenity, who really cares
Propaganda, all is phony.

While them that defend what they cannot see
With a killer's pride, security
It blows the minds most bitterly
For them that think death's honesty
Won't fall upon them naturally
Life sometimes
Must get lonely.

My eyes collide head-on with stuffed graveyards
False gods, I scuff
At pettiness which plays so rough
Walk upside-down inside handcuffs
Kick my legs to crash it off
Say okay, I have had enough
What else can you show me ?

And if my thought-dreams could been seen
They'd probably put my head in a guillotine
But it's alright, Ma, it's life, and life only.

Bob Dylan
|

quarta-feira, abril 21, 2004

La meglio gioventù  






(!!!)


|

terça-feira, abril 20, 2004

para cima 



[Daniele Buetti, More Hands (detail), 2001]
|

Looking for Love 






Daniele Buetti, Good Fellows - Looking for Love
|

umanamente falando 

umanamente,
duas a
v
o
a r

viste as minhas ideias por aí?


|

a bananeira 

Quando chover muito, chuva fechada. E quando a luz do sol tentar furar a cortina de àgua em trôpegos feixes, descompassados. Assim, daquela maneira a incidir obliquamente nas gotas grossas de àgua e a permitir o verde voltar ao verde... Quando assim for, demora-te mais um tempo junto à bananeira. Fica por baixo das suas folhas largas, apenas mais um instante do que os instantes demorados.
Ajoelha -a terra molhada, espessa- e aproxima-te como uma abelha se aproxima do pólen na pétala. Com a mesma exacta lentidão.

Só debaixo da folha de Bashô, a chuva cái para se beber.
|

domingo, abril 18, 2004

vícios 

sentam-se à mesa do café, o cigarro arde entre os dedos ou na boca. não é evocado nenhum silêncio a mais e a conversa gira em torno das coisas-coisas, normais, como Paris nos anos vinte ou as aplicações prácticas da nicotina, por exemplo.
Jim Jarmusch reuniu a mais insuspeitável (ou talvez não) panóplia de nomes em volta de uma mesa de café e nasce um filme. cigarros e café
temos então Steve Right, Bill Murray, RZA, GZA, Cate Blanchet e claro, Steve Buscemi, Roberto Benigni, Iggy Pop e obviamente o senhor do des-concerto, Tom Waits.

Será que chega até nós?


|

It's alright ma (i'm only bleeding) 


|

sábado, abril 17, 2004

rezando o rosário 

— Nunca esperei muita coisa,
é preciso que eu repita.
Sabia que no rosário
de cidade e de vilas,
e mesmo aqui no Recife
ao acabar minha descida,
não seria diferente
a vida de cada dia:
que sempre pás e enxadas
foices de corte e capina,
ferros de cova, estrovengas
o meu braço esperariam.
Mas que se este não mudasse
seu uso de toda vida,
esperei, devo dizer,
que ao menos aumentaria
na quartinha, a água pouca,
dentro da cuia, a farinha,
o algodãozinho da camisa,
ao meu aluguel com a vida.

E chegando, aprendo que,
nessa viagem que eu fazia,
sem saber desde o Sertão,
meu próprio enterro eu seguia.
Só que devo ter chegado
adiantado de uns dias
o enterro espera na porta:
o morto ainda está com vida.
A solução é apressar
a morte a que se decida
e pedir a este rio,
que vem também lá de cima,
que me faça aquele enterro
que o coveiro descrevia:
caixão macio de lama,
mortalha macia e líquida,
coroas de baronesa
junto com flores de aninga,
e aquele acompanhamento
de água que sempre desfila
(que o rio, aqui no Recife,
não seca, vai toda a vida).

in Morte Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto
em cena, na Casa do Artista
|

terça-feira, abril 13, 2004

para morrer toda a terra 


Velha Goa, romaria em direcção à Sé Catedral,
túmulo de S.Francisco Xavier
|

domingo, abril 11, 2004

ESPLANADA 

Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,

agora lês saramago & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.

O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas utéis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.

Manuel António Pina
|



|

sábado, abril 03, 2004

espero o amor 



|

vigília 

salvam-nos as constelações
que suspeitamos sobre a cabeça dos outros


|

sexta-feira, abril 02, 2004

no dia dos teus anos 

como em todas as madrugadas, susurro-te o meu presente como quem reza:
tenho toda a esperança, e nenhuma esperança que me oiças.
"hoje fazes anos, se quiseres levo-te o dia inteiro às cavalitas"



ainda queres?






|

Vela leva a seta tesa rema na maré/ Rima mira a terça certa e zera a reza 

vamo comê o mundo, Caê?


mais seis vezes cruzando a vinte e quatro horas por dia, e já poderemos nadar em um Cry Me A River à capella ou um Love Me Tender quase em falsete, entre muitos, muitos outros.
A Foreign Sound é o novo disco do Caetano.
vem redentor para nos reconciliar com o mundo:
não sou mais estrangeiro não


|

This page is powered by Blogger. Isn't yours?